Pesquisa astrológica quantitativa


Gunter Sachs, patrocinador da pesquisa, com Brigite Bardot, então sua namorada

Muitos defendem que a astrologia deveria se considerada uma ciência. Para que isso ocorresse, primeiramente seria necessário vencer o preconceito ainda tão arraigado na sociedade e no meio acadêmico. Geralmente, os leigos consideram a astrologia uma superstição ou algo assim, e os doutos a consideram a irmã mística e amalucada da astronomia, uma excentricidade que desperta o interesse de estudiosos ingênuos, ou de aproveitadores que exploram a hipocondria esotérica dos crédulos. Convenientemente, os cientistas ignoram que a astrologia tem demonstrado ser merecedora de um estudo sistemático e isento de preconceitos, e preferem lembrar que ela foi banida da academia em 1666.
Leia em https://www.viastral.com.br/materia/a-astrologia-e-o-mundo-academico/.

E para a astrologia ser considerada uma ciência, também seria necessário submetê-la ao rigor dos métodos científicos. O fato de isso não acontecer com freqüência é surpreendente, já que as pesquisas históricas e os poucos trabalhos realizados apresentaram resultados muito instigantes. Lamentavelmente, há pouquíssimas pesquisas quantitativas mais abrangentes. Por diversos motivos, a ferramenta estatística ainda é um recurso pouco utilizado na área, com algumas exceções.
Leia em https://www.viastral.com.br/materia/os-gemeos-e-a-questao-estatistica/.

Embora tenha sido criticada e questionada posteriormente, a pesquisa pesquisa patrocinada por Gunter Sachs representou a maior e mais abrangente coleta de dados já realizada na área astrológica. E quem foi o generoso patrocinador da pesquisa cujo objetivo era tentar descobrir se há mesmo correspondências entre os astros e as atividades humanas? Gunter Sachs não foi apenas um playboy bonitão e milionário que dava festas memoráveis e que namorou as mulheres mais bonitas da época (na foto ao lado, com Brigitte Bardot, sua mulher na época). Ele fez tudo isso, claro, mas o homem também foi cineasta, fotógrafo talentoso, matemático e estudioso da astrologia. E em 1994, Gunter resolveu financiar a pesquisa estatística que visava identificar correspondências astrológicas em grandes grupos populacionais. 

O projeto, do qual não participaram astrólogos, foi executado sob a supervisão independente do Institute fur Demoskopie, e contou com os serviços de consultoria da doutora Rita Kunstler, do Instituto de Metodologia Estatística de Ludwig-Maximilian University. Os métodos foram analisados e concluiu-se que os dados eram confiáveis e estavam livres de desvios sistêmicos. Foram coletados dados brutos junto a órgãos públicos, companhias de seguro e empresas de pesquisas de mercado. Foram utilizados apenas os signos das pessoas, sem os ascendentes, já que os horários de nascimento não estavam disponíveis. As regras de proteção dos arquivos impediam que as pessoas fossem identificadas, mas a equipe teve acesso à data e local de nascimento de todas elas. Assim, foi montado um enorme arquivo com dados sobre crimes, casamentos, divórcios, cirurgias, suicídios, etc. A análise dos dados revelou resultados significativos e foi publicada no livro Die Akte Astrologie, pela Editora Goldmanns. Na pesquisa, foram analisadas várias outras categorias, mas listaremos apenas algumas.

1 - Casamento

Foram considerados os dados de 717.526 mapas de pessoas que se casaram na Suíça entre 1987 e 1994. Assim, foram tabulados os dados de 358.763 casais astrológicos. A hipótese nula se daria se as combinações estivessem distribuídas aleatoriamente entre todos os signos, o que não ocorreu. Entre as 144 combinações possíveis entre os signos, foram encontrados 13 desvios significativos, o que excluía o acaso. As probabilidades de tais desvios terem ocorrido por coincidência era de 1 para 50.000.

Os 13 casais mais numerosos na amostra 

Homem Mulher  
Áries Áries *
Touro Touro *
Gêmeos Gêmeos *
Leão Áries **
Virgem Virgem *
Libra Libra *
Escorpião Peixes **
Sagitário Sagitário *
Sagitário Áries **
Capricórnio Capricórnio *
Aquário Aquário *
Peixes Escorpião **
Touro Libra ***

(*) signos iguais

(**) signos do mesmo elemento

(***) signos de elementos diferentes

Além do fato de que os números de combinações de tais signos não corresponderem às expectativas aleatórias, outra anomalia estatística foi o fato de que 12 das 13 combinações serem formadas por signos do mesmo elemento:

Signos de Fogo: Áries, Leão, Sagitário
Signos de Terra: Touro, Virgem, Capricórnio
Signos de Ar: Gêmeos, Libra, Aquário
Signos de Água: Câncer, Escorpião, Peixes

A probabilidade de ser uma coincidência é de 1 em 7.700.000. Curiosamente, a única exceção foi a combinação Touro-Libra, signos regidos pelo mesmo planeta: Vênus, o planeta do amor e dos relacionamentos.

Outro dado curioso, digamos assim: 8 das 13 combinações que mais se casam são formadas pelo mesmo signo, o que contraria a ideia corrente de que os opostos se atraem.

2 - Divórcio

A amostra consistia de 109.030 casais. Mais uma vez, entre as 144 possíveis combinações de signos, foram encontrados 25 desvios significativos, embora a probabilidade se ser coincidência fosse maior: 1 para 260. 

3 - Trabalho

Foram usados os dados do censo de 1989-1990. Foram tabulados dados de 4.045.170 habitantes suíços e 47 tipos de ocupação, que combinadas com 12 signos, resultaram em 564 possibilidades de ocupações x signos. Foram encontradas 77 variações anormais, cuja probabilidade de ocorrer por acaso seria de 1 em 10 milhões.  

4 - Estudo

Foram coletados em universidades dados de 231.026 alunos de 10 cursos diferentes, resultando em 120 combinações (10 cursos x 12 signos). A hipótese nula é que os signos estariam distribuídos aleatoriamente entre as disciplinas, mas foram observados 27 desvios estatísticos significativos. A chance de ser obter tal resultado por coincidência é de 1 em 10 milhões.

5 - Morte Natural

Foram consideradas 657.492 amostras, o que correspondia a todas as mortes por causas naturais registradas na Suíça entre 1969 e 1994. O número das possíveis combinações era 240 (20 causas x 12 signos) e a distribuição aleatória entre signos e causas possíveis seria considerada como acaso. Porém, foram observados 5 combinações numa freqüência cuja  probabilidade de ter ocorrido ao acaso era de 1 para 270.

6 - Suicídio

Em uma amostra de 30.358 suicídios foram observados 5 desvios significativos, cuja possibilidade de coincidência era de 1 em 1000.

8 - Crimes

Nesta categoria foram tabulados os dados de 325.866 presos por 25 tipos de crimes, o que resultou num total de 300 combinações possíveis (25 crimes x 12 signos) e foram observados  6 combinações que contrariavam as expectativas. A probabilidade de tal resultado ser fruto do acaso era de 1 para dez milhões.

O método da pesquisa previa que se fizesse a conferência do resultado com uma contraprova. Então, a equipe utilizou um gerador de números aleatórios para agrupar os 365 dias do ano em 12 blocos totalmente arbitrários, criando 12 signos artificiais. Assim, um ano começava em 9 de outubro, o outro em 16 de agosto, o outro em 13 de abril e assim por diante. Depois, a tabulação foi refeita com base nesses dados incorretos. Gunter comentou assim o resultado da conferência:

“Se a afirmativa dos astrólogos a respeito do efeito dos signos fosse inválida, também teriam sido encontradas correspondências estatísticas significativas, no entanto, não houve correlações significativas entre os signos artificiais.”

E ele concluiu:

“O principal objetivo do estudo era estabelecer se havia uma correlação entre signos e o comportamento e a predisposição das pessoas”. “Provamos. Há uma correlação!”

Infelizmente, a metodologia usada não garante que os resultados obtidos sejam confiáveis, mas a comunidade astrológica deve ser grata a Gunter Sachs, já que estudos assim talvez possam ajudar a desarmar aqueles que ainda se mantêm entrincheirados em suas casamatas de racionalismo, dispostos a defender intransigentemenbte suas certezas. 



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