Existe uma ordem no cosmos?
Simetrias astronômicas na sequência Titius-Bode
Sabemos que, diferente da fé, a ciência pode e deve ser contestada pelos Gostamos de acreditar que existe ordem, simetria e correspondência no universo, como podemos ver no fenômeno dos fractais, mas ainda não sabemos até que ponto essa ideia se susSimetrias astronômicas na Sequência Titius-Bode
Gostamos de acreditar que existe ordem, simetria e correspondência no universo, como podemos ver no fenômeno dos fractais, mas ainda não sabemos até que ponto essa ideia se sustenta. Na astronomia, o grande astrónomo Johannes Kepler foi um dos primeiros a propor a ideia de uma regularidade matemática nas distâncias entre os planetas.
No século XVIII, mais precisamente em 1772, um astrónomo e professor de Física chamado Johann Titius enviou uma carta ao colega Johann Bode, na qual apresentava a relação sequencial progressiva entre as distâncias dos planetas conhecidos até então em relação ao Sol.
Valendo-se de fórmulas matemáticas, eles determinaram com relativa precisão as distâncias médias dos planetas em relação ao Sol, expressas em unidades astronómicas, ou UA, que correspondem à distância média entre a Terra e o Sol, cerca de 150 milhões de km.
laneta | Distância real | Distância determinada pela sequência |
Mercúrio | 0,39 | 0,40 |
Vênus | 0,72 | 0,70 |
Terra | 1 | 1 |
Marte | 1,52 | 1,6 |
Júpiter | 5,2 | 5,2 |
Saturno | 9,54 | 10 |
A comunidade científica ficou ainda mais entusiasmada quando, em 1781, William Herschal identificou Urano. Além de ser o primeiro planeta a ser detectado graças ao recurso de um telescópio, Urano estava a uma distância do Sol que corroborava a postulado peça sequência Titius-Bode.
Planeta | Distância Real | Distância determinada pela sequência |
Urano | 19,2 | 19,6 |
Como a sequência previa que deveria haver um astro orbitando o Sol a uma distância de 2,8 UA, os astrônomos passaram a procurar um astro entre Marte e Júpiter. Finalmente, em 1801, o italiano Giuseppe Piazzi localizou um asteroide, ao qual foi dado o nome de Ceres, que parece ser o resultado da desintegração de um planetoide que não resistiu ao forte campo gravitacional de Júpiter.
Planeta | Distância real | Distância determinada pela sequência |
Ceres | 2,65 | 2,8 |
A sequência parecia corroborada por aquela descoberta, mas, em 1846, o astrónomo inglês Johann Galle (1812–1910) descobriu Netuno, colocando em xeque a validade da sequência, que então já era chamada de Lei Titius-Bode. Os números não batiam, havia uma discrepância grande que não podia ser ignorada.
Planeta | Distância real | Distância determinada pela sequência |
Netuno | 30,1 | 38,8 |
A ideia de uma progressão matemática constante na distância média dos planetas sofreu um novo e contundente golpe em 1930, com a descoberta de Plutão, que orbitava o Sol a uma distância muito diferente daquela prevista pela sequência.
Planeta | Distância real | Distância determinada pela sequência |
Plutão | 39,5 | 77,2 |
Sabemos que, diferente da fé, a ciência pode e deve ser contestada pelos fatos e dados de realidade. Contudo, tais divergências não invalidam o debate se uma sequência matemática, que apresenta algumas simetrias significativas, representa uma propriedade natural do universo ou se é apenas mera coincidência numérica.